quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

MEU ANJO DE VANGUARDA


ANJO DE VANGUARDA


Luis Turiba

 

Meu anjo de vanguarda

É um gauche das pernas tortas

Da cuca livre e do caráter forte

Meu anjo é antena da raça

 

Meu anjo de vanguarda

É um cientista de jaleco branco

Embora louco tem o mapa lógico

Meu anjo é nave cósmica

 

Meu anjo de vanguarda

Me dá uns toques e quanto não atendo

Me joga pedra e me acerta o quengo

Meu anjo é pernada de duende

 

Meu anjo de vanguarda

É uma tia de rezas fantásticas

Tão carinhosa uma fada mágica

Meu anjo tem as rugas das sábias

 

Meu anjo de vanguarda

É um peregrino ninguém o vê

É um guardador de destinos

Meu anjo de vanguarda é você


Ao me amigo e músico Aloísio Brandão, que deu música/alma a esse poema


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

MÚSICAS PARA OS JOVENS QUE MORRERAM NA BOATE DE SANTA MARIA

MÚSICA PARA RECEBER OS MENINOS DE SANTA MARIA NO CÉU

Se São Pedro me contratasse como DJs
Pra receber os 233 de Santa Maria com luz
Colocaria a música "Meninos" de Juraildes Da Cruz.

https://www.youtube.com/watch?v=BA18aC1VaZY

INDIZÍVEL



Foi mais ou menos assim que fiquei: indizível

Texto de Viviane Mosé sobre a tragédia de Santa Maria

"não tenho conseguido levar meus dias adiante. uma asfixia, uma dor. por isso tento aqui puxar a ponta desse fio, compartilhando com vocês a tentativa de falar dessa agonia. um prego no meio do peito que não jorra sangue, apenas vazio. um novelo de lã atravessando a garganta. uma nuvem escura pairando no céu mesmo quando há sol. penso em minha mãe e no seu colo quente. e me lembro que já não me cabe. é o meu colo de mãe que agora acolhe e aquece outro corpo. mas em meu corpo hoje nada cabe senão a imagem dos pais sem os filhos. dos filhos estendidos no chão sem vida. não tem cabimento esta dor coletiva rasgando a alma. rasgando o chão que se desfaz sob os pés. me lembro da fragilidade da vida e da irresponsabilidade da cultura com a vida. o descuido, o desvalor da vida. então o que vale, a fama, os nomes próprios, as contas bancarias, o domínio de uns sobre outros? o que de fato vale se não vale a vida? quanto custa a tragédia de Santa Maria? minha dor vem da exposição de uma ferida que se chama o impalpável, o impagável, o indizível."

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Gil e Manoel de Barros se encontram para um papo


 

GIL E MANOEL DE BARROS: UM PAPO PRA LÁ DO PANTANAL

 

Gilberto Gil, quando ministro da Cultura no primeiro governo Lula, usou o quanto pode a linguagem metafórica da poesia e da musica para comunicar a política ministerial em si. 

 

Gil cantou, dançou, poetizou, chorou e até incorporou certas entidades para propagar que a cultura e as várias formas de arte são prioridades num país como o Brasil, com múltiplas explosões de talentos, mas com poucas políticas públicas que contemplem os artistas e seus agentes.

 

Muita gente do mundo político - os caretas de plantão na Esplanada dos Ministérios, no Congresso e até mesmo dentro do Ministério da Cultura - não gostavam das performances de Gil. Eu adorava, vibrava e, como seu assessor direto na área de Comunicação, dava a maior força a este lado poético.

 

Vi Gil recitando Paulo Leminski e gravando poemas de Fernando Pessoa para um CD de André Luiz de Oliveira. Voei com ele horas de helicóptero pelo interior brasileiro para passar uma tarde de bons papos no espaço cultural que Frans Krajcberg mantêm em Nova Viçosa, litoral Sul da Bahia. Fui com ele a escolas de samba e ao Rodeio de Barretos.

 

Enfim, Gil teve uma agenda poética e musical quando ministro. E dessas suas atividades, quase que clandestina para o mundo político brasiliense, uma merece destaque: seu encontro com o poeta pantaneiro Manoel de Barros, que foi armado por mim durante uma visita que ele, Gil, fez ao Estado do Mato Grosso do Sul.

 

Foi uma tarde inesquecível, que documentei com uma câmera de filmar, outra de fotografar e um pequeno gravador. Esse texto que segue foi publicado na época pelo site do Ministério da Cultura. Provavelmente, ele (o texto) fará parte do livro-documento que pretendo publicar em breve com a memória e os arquivos desse histórico período da cultura brasileira.  

 

 

 

 

 

 




Gil visita Manoel de Barros

Um papo entre Poetas *Por Luis Turiba




Oi Gil…quanto prazer tê-lo em casa. Mas estou recebendo aqui o poeta e não o ministro.

Esperto, foi Manoel de Barros quem tratou logo de quebrar o protocolo. Trouxe o ministro-cantor para o mundo das palavras. Gil, barroco-baiano, aceitou e tocou em frente.

O prazer é todo meu, Manoel. Fazia tempo que buscava este encontro. Sua prosa poética me encanta, está na mesma margem da de Guimarães Rosa.

Manoel de Barros se orgulhou. Aos 88 anos, cabeleira branquinha como as garças do Pantanal, jeito de passarinho tímido, foi receber o ministro Gilberto Gil no portão de entrada da sua casa na pacata Rua Piratininga, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Estava acompanhado de Dona Stella, sua mulher, da filha e de amigos.

O ministro-poeta também esperava por este encontro há algum tempo. Tinha vontade de conhecer e papear com seu colega das águas pantaneiras. As duas tentativas anteriores haviam fracassado. Manoel não pode comparecer à Brasília para receber a Medalha da Ordem do Mérito Cultural de 2004, outorgada pelo presidente Lula e pelo ministro da Cultura. Nem tampouco a uma estada do ministro Gil à cidade de Corumbá. Andava dodoí, mas já voltou a ativa.

– Cerveja, Guaraná, vinho ou Coca-Cola, Gil?

- Coca-Cola normal, responde o ministro.

 

Um amigo de Manoel de Barros, o jornalista Bosco Martins, jogou o primeiro tema na sala, onde eles se sentaram quase frente à frente, cada um em um sofá para um papo de provocações e poesia:

– Ministro, nós já temos parcerias e precisamos ampliá-las', diz Martins. O poeta Manoel foi personagem de um documentário patrocinado pelo Ministério. Um Doc-TV longo sobre seus versos. No site do MinC também tem longa matéria. E no ano que vem ele vai concorrer ao Prêmio Jorge Amado, na Bahia. Tem o valor de 100 mil reais. O poeta vai encher as burras…

– Esse meu livro foi indicado para o Prêmio Jabuti, esclarece Manoel.

– Como se chama? Pergunta Gil.

– Poemas Rupestres, responde.

– O título é bem a sua cara, confere o ministro.

As pessoas presentes começam a falar do trabalho de articulação cultural do ministro e lembram do discurso feito à tarde (dia 6 de abril) num encontro com a comunidade cultural do futuro Estado do Pantanal, quando o ministro defendeu a formação de Bacias Culturais, como áreas de sustentação de um Sistema Nacional de Cultura que o MinC vem colocando em prática.

– Olha – continua Gil. As pessoas são diferentes, assim como as capacidades de ação também são. Se tivessemos um outro ministro agora, talvez ele estivesse fazendo outra coisa. Eu optei por cuidar disso: qual o conceito de cultura que temos e queremos? Como estão os recursos da cultura? Fazer um trabalho de abrir novas estradas culturais, construção de novas picadas, explica Gil.

– Nós estamos pensando em um Doc-TV de integração latino-americana, diz alguém.

– Mas nós já temos um Doc-Tv para a América Latina, frisa o ministro perguntando em seguida: E você está escrevendo agora, Manoel?

– Bem, Gil. É o que eu sei fazer. Agora, então, estou com mais folga.

– Por quê você tem mais folga agora?

– Porque sou vagabundo….ri Manoel. Antes eu tinha fazendas. Meu filho agora toma conta delas e eu fico na vagabundagem. Conquistei o ócio.

– É, uma matéria-prima da criação.

Alguém diz alto que Manoel de Barros só escreve à mão. Não se dá bem com computador.

Gil diz que ele também gosta de escrever à mão. E dá linha à pipa:

– Eu gosto de escrever em qualquer lugar. Quarto de hotel, dentro de avião, na sala de espera do dentista. Escrevo muito em guardanapo, papel de embrulho…

– Você compõe a música, né Gil, diz Manoel.

– Aí sim, normalmente com o violão. Às vezes as idéias textuais vem antes, a música vem depois. Às vezes a música sai e a letra vem depois. Raramente as duas coisas de uma vez só.

– Você não tem muitas parcerias, né? Indaga Manoel.

– Muito poucas. Algumas com Caetano, quase 10; outras com José Carlos Capinam, umas 10 com João Donato, outras com o desaparecido poeta Torquato Neto.

– E quantas são?

– Umas 500 e tantas. Mas 400 e tantas são minhas mesmo.

– Seu maior parceiro é o Caetano? Pergunta Manoel.

– É o mais conhecido. Mas não chegam a dez nossas parcerias. Como nós fizemos há uns cinco anos um trabalho juntos para comemorar a Tropicália, fizemos umas 3 ou 4 canções juntas. Então ele ficou mais associado a mim.

A conversa entre os dois poetas é mais uma vez interrompida. Lembram uma antiga entrevista onde Gilberto Gil afirma ter assistido ao último show de Jimi Hendrix.

Mas Manoel volta a carga e lhe pergunta sobre os movimentos de poesias dos mais jovens.

Gil lembra dos Poetas da Praça, de Salvador; e do grupo carioca Nuvem Cigana, liderado por Chacal.

O papo segue para o lado político. Perguntam se o ministro já se adaptou ao mundo político de Brasília ou se está se sentindo exótico:

– Eu sou exótico. Não tenho que me senti, responde.

– Já se acomodou por lá?, espeta Manoel.

– O grau de acomodação vai sendo construído. Você tem que se adaptar a uma série de coisas. E o grau necessário de incomodação também.

– Se tiver mais quatro anos, você vai junto?

– Vai depender de poder fazer coisas. Não adianta só o prestígio que eu traga para a função. É preciso ter condições mínimas para fazer coisas e ter receptividade do governo.

Discute-se a função da ACAD e dos órgãos arrecadadores. Debate-se sobre Direitos Autorais e fala-se sobre as posições éticas do ministro em relação a sua carreira artística.

– Quando os fãs vão ter obras inéditas do artista Gilberto Gil? Indaga um dos presentes.

– Não faço idéia. Quando tiver tempo. Não tenho feito, não tenho intenção. Estou sem o tempo, sem o ócio. E tenho pensado ao contrário: me dêem mais trabalho, me ocupem mais. Músicas, só quando tiver tempo. Nem rascunho de avião tem acontecido. Aliás, só fiz um registro. Anotei em um livro que estou lendo de um filósofo francês. O livro se chama 'Um sábio não tem idéia'. É de um especialista em China, em Lao Tsé, em Confúcio. Este livro acabou mexendo na minha cabeça e eu anotei na sua contra-capa uns seis versos que algum dia poderão vir a ser um poema, uma letra de música do futuro. Uma das máximas desse livro é sobre uma das idéias de Confúcio que fala do meio justo, o justo meio. Ele diz: o justo meio está na igual possibilidade dos extremos. É um sentido profundo, complementar, dialético. Não excludente, não paradoxal, não maniqueísta na vida. Sobre essas sensações escrevi um início de poema.

– Roubaram o poeta, diz Manoel.

– Precisa às vezes. Eles precisam também, rebate Gil.

O secretário de Cultura, Silvio Nutri, avisa que o governador Zeca do PT está esperando o ministro e o poeta para um jantar com a presença do ministro José Dirceu. Gil cantarola para Manoel uma despedida:

– Eu vim aqui pra te vê/ Como te vi vou m´embora/ Trabalho na barca grande/ Só chego fora de hora'. Em seguida explica: é uma ciranda da região da Zona da Mata do Recife que recolhi há muitos anos atrás. Bonita a construção, não é?

A família pede para tirar fotos com o ministro. Gil dá sua versão sobre o encontro e comenta um verso de Manoel.

– Onze horas no lombo das águas. Linda essa idéia. Uma coisa que não esquecerei nunca. Li hoje num de seus livros essa metáfora. Isso me rememorou a infância quando eu fazia a travessia de barco na Baía de Todos os Santos. Exatamente no lombo das águas, o casco do barco batendo nas ondas o tempo todo e aquela sensação de estar montado em alguma coisa. Mas só quem lembra disso são os poetas profundos. Eu nunca tinha lido isso em outro lugar. Eu tenho isso na minha própria dimensão interior. Mas nunca tinha escrito, nunca tinha me dado de que navegar pode ser também andar no lombo das águas. Naquele dia, naquele rio a musa disse isso a ele. A poesia é dona de si mesmo.

– O ministro tem que vadiar mais. Tem que arrumar ócio, diz Manoel.

– Depois que o presidente me mandar pra casa. Se eu for disser por aí que você está me recomendando ócio, vai todo mundo comentar: o quê?!! O Manoel está pedindo ao ministro pra trabalhar menos. Aí, Manoel, você vai ter que se explicar com o presidente. Já pensou?

 


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NOVO PRESIDENTE DA OAB-RJ COMEÇA PISANDO NA BOLA.



Por Márcia de Almeida
 
13 de janeiro de 2013 #264


Rebu na OAB-RJ: o novo presidente da Ordem, Felipe Santa Cruz, que ainda nem tomou posse, começou pisando na bola da consideração, ao nomear Marcelo Chálreo o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da casa, por portaria, sem ter conversado e comunicado à Dra Margarida Pressburger, que ocupava brilhantemente o cargo há seis anos.

No embalo da ofensa, Margarida renunciou ao cargo de conselheira, ao qual tinha sido eleita por seus pares. Ou seja: deixou a OAB.

Felipe perdeu o pai, Fernando Santa Cruz, sob tortura, e nunca vai às homenagens, ou quase, por dizer que "se sente mal". É dever de um filho buscar o corpo sumido de um pai assassinado na prisão. É o que eu acho e temo pela nova gestão, depois de seis anos de OAB de Portas Abertas, que trouxe a entidade, novamente, a participar e ser parceira da sociedade civil. Na gestão de margarida, a Comissão de Direitos Humanos foi ampliada, e tinha representantes de ciganos, deficientes, homossexuais, índios, religiões afrobrasileiras, mulheres de PMs assassinados e mães de filhos assassinados pela PM. Além dos advogados, claro.

Participei com orgulho, por quase seis anos, desta Comissão e, mesmo que Santa Cruz, diga que vai manter a linha da gestão anterior, na Comissão, o novo presidente não tem as características da Dra Margarida.

Perde a OAB, perde a sociedade civil.

Aqui, vocês lerão a carta-renúncia e a carta aos parceiros da Comissão, escritas por Margarida Pressburger, e já divulgadas pelas redes sociais, começando por mim, que também as coloquei no site.

Fora isso, a semana foi de tristeza pela morte do artista e ceramista chileno-lapeado, Jorge Selarón, no dia em que O Globo fazia matéria denunciando que ele estava sendo ameaçado de morte por um ex-ajudante. Morreu carbonizado e agora querem dizer que se matou, "porque não havia marcas de tiros ou agressões". Porra! Incendiar uma pessoa não é agressão suficiente?

Selarón ladrilhou as escadarias da Lapa, não com pedrinhas de brilhante, feito na música infantil, mas com azulejos maravilhosos, transformando seus degraus em ponto turístico. Eduardo Paespalho e Sérgio Cabral apoiam para líder do PMDB o maior bandido do PMDB ( e olhe que lá há muitos), o carioca racista e homofóbico, deputado Eduardo Cunha ( que tem uma malha de controle de grana, e já mandou, inclusive, em Furnas - por trás dos panos, como gosta, é claro.

No Senado, escolher-se-á entre Renan e Henrique Alves. Ambos já renunciaram por improbidade e para não serem cassados.

Com o pibinho de 2012, as obras dos grandes eventos atrasadas, a inflação comendo solta nos supermercados, o jeito vai ser começar a olhar com simpatia a provável candidatura de Eduardo Campos, do PSB, que, parece, resolveu partir em voo solo, em 2014.

A FIFA afirmou, ontem, depois do cerco à Aldeia maracanã, que nunca pediu a demolição do prédio para qualquer obra da Copa. Cabral mandou cercar o ex-Museu do Índio, ontem, mas a ordem judicial para invadir, não chegou. Quer transformar o local da aldeia em...estacionamento.

Prezado Sr. Presidente Felipe Santa Cruz,

Durante mais de quarenta anos de ativismo em prol dos Direitos Humanos, carreira esta reconhecida nacional e internacionalmente, nunca poderia esperar que a instituição à qual com esforço próprio elevei a nível de respeito tanto junto à sociedade civil quanto a nível governamental, pudesse ter para comigo atitude tão grosseira e ofensiva.

Tomar conhecimento por funcionários que, por portaria assinada por V.Exa., foi designado novo Presidente para a Comissão de Direitos Humanos desta OAB-RJ, sendo eu sumariamente exonerada sem qualquer esclarecimento ou explicação, é de ser considerado, no mínimo humilhante.

Em momento algum me esqueci que o cargo pertence à Diretoria da entidade, mas o mínimo que eu poderia esperar da nova administração, seria consideração e respeito para com a minha trajetória de vida e um mínimo de reconhecimento de onde estava e para onde levei a Comissão durante os seis anos em que a presidi.

Os prêmios recebidos e as honrarias que me são destinadas, demonstram o reconhecimento público do trabalho efetuado. Lamentavelmente, não foi essa a retribuição que recebi da minha própria entidade de classe.

Assim, só me resta pedir exoneração também do cargo de Conselheira, do qual não cheguei a tomar posse, muito embora Ata publicada demonstre o contrário.

Lamentando, profundamente, a maneira deselegante com que se posicionou V.Exa., absolutamente contrária ao que foi propalado durante a campanha da sua eleição e a qualquer atitude que se possa chamar de digna e/ou educada, me retiro, uma vez mais, da minha querida OAB-RJ, sentindo-me ultrajada e humilhada.

Atenciosamente,

Margarida Pressburger

Representante do Brasil junto ao SPT – ONU


*********************************************************************

Queridos amigos, membros, delegados, colaboradores e funcionários da CDH (gestão 2009-2012),

É a presente para agradecer o esforço de todos no sentido de elevar a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ ao nível de respeito e reconhecimento que recebeu não só de advogados, como da sociedade civil e de entidades governamentais.

Quando assumimos encontramos uma inexistente CDH e hoje, com a certeza do dever cumprido, estamos entregando uma entidade que orgulha a todos os ativistas de Direitos Humanos.

Infelizmente, no entanto, a nossa própria entidade, a OAB-RJ, pelo seu novo presidente, Dr. Felipe Santa Cruz, assim não entendeu.

Na data de ontem, fui comunicada pelos funcionários da Comissão que um novo presidente tinha sido nomeado.

Para nós, nem uma palavra de reconhecimento ou agradecimento, aliás, nada para nós. Não fui sequer comunicada que não mais presidia a Comissão. Fui tratada pela atual Diretoria como um zero, um nada, um lixo que depois de seis anos de dedicação se joga na lata, talvez por já estar velha demais para merecer algum tipo de consideração. Literalmente, cuspiu-se no prato em que comeram. Nem o esforço da campanha eleitoral valeu nada.

Outra alternativa não me restou, em prol do meu orgulho próprio, senão renunciar ao mandato que me foi conferido pelos advogados cariocas e me retiro do Conselho da OAB-RJ, conforme email abaixo.

Tenho comigo uma história de mais de 40 anos de ativismo em Direitos Humanos, o respeito de quem realmente importa. Várias condecorações e ... importantíssimo, o reconhecimento da Sra. Presidenta da República que me conferiu a mais alta condecoração do governo brasileiro para ativistas de Direitos Humanos.

Tenho uma história, uma biografia da qual me orgulho muito. Tenho a confiança, além da Presidência da República, dos Ministros das Relações Exteriores, da Ministra da Secretaria de Direitos Humanos e dos 69 países membros, signatários do Protocolo Facultativo de Prevenção à Tortura, que me reelegeram para mais quatro anos de atuação junto às Nações Unidas.

Nada disso devo à OAB-RJ, mas sim a vocês, companheiros valorosos, idealistas e sonhadores como eu. Vocês, a quem carinhosamente dedico meus momentos de vitória e a quem chamo de "o meu exercito de Brancaleone".

A luta vai continuar e comigo seguirão aqueles que entenderem que juntos podemos tentar mudar para melhor a vida de muitos.

Obrigada a tod@as, nunca me esquecerei de vocês.

Margarida Pressburger

Rio, 11 de janeiro de 2013
(os dois documentos).

Santa Cruz esteve com Margarida dois dias antes de escolher o novo presidente, sem comunicá-la de nada, marcando uma reunião com ela para o dia 17 – que ela não vai, claro.

Os ex- membros da Comissão ( nossa gestão terminou a 31 de dezembro) se falam e vão organizar um manifesto, tudo indica. E os conselheiros querem fazer um ato de desagravo à Dra Margarida.

Vamos ver se vem aí, de novo, uma OAB corporativa. E, detalhe; Margarida foi fundamental na campanha pela eleição de Santa Cruz. Ele tinha todo o direito de nomear quem quisesse para o posto que quisesse, mas , não, dessa maneira cafajeste e desastrada.

Começa mal.

A sociedade civil precisa de uma OAB participativa e ativa. Temo pelo que possa vir por aí, pois já me disseram que ele não quer confrontos, nem "encrencas". Fica difícil militar assim.

Triste e indignada, desejo a vocês um bom domingo e uma boa semana. Com chuva ou com sol.

PS: Um diretor de presídio masculino, em Vila velha, Grande Vitória, ES, obrigou os presos que reclamavam de falta dágua, a ficarem 2 horas sentados no chão escaldante e o resultado foi queimadura geral. Mas foram isolados e só seguiram ao IML, oito dias depois.

Brasiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil! Sempre que mostra sua cara de verdade, é uma vergonha.

 
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

500 MIL DEVEM VISITAR "IMPRESSIONISTAS" NO VERÃO CARIOCA


Luis Turiba


Este fim de semana vai ter "viradão impressionista" no CCBB do Rio de Janeiro, onde a exposição "IMPRESSIONISTA – Paris e a modernidade" chega ao fim com a estimativa de 500 mil visitas, um recorde na história das exposições na cidade.


De sábado para domingo, o CCBB vai funcionar 36 horas seguidas e quem quiser ver a exposição pode ir a qualquer hora da madrugada. Ontem as filas davam voltas e mais voltas no quarteirão do centro cultural.


Estivemos lá. Chegamos 8 da manhã, entramos na fila dos "prioritários" – é a vantagem de ter mais de 60 anos -, e mesmo assim enfrentamos filas e só conseguimos entrar mesmo lá pelas 9h30min.

Mais valeu a pena! São 85 obras do Museu d´Orsay de Paris, divididos em módulos temáticos, com as geniais pinturas de Camille Pissaro, Calude Monet, Edouard Manet (foto digital do seu famoso "O tocador de pífaro); Paul Cezane, Paulo Gouguin, Pierre Auguste Renoir e ele, eternamente ele, Vicent Van Gogh.

Preparem-se para a maratona. Vale à pena. Depois de conhecer os "impressionistas" nós podemos entender muito melhor os modernistas, surrealistas, cubistas e pós-modernistas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O SAMBA QUE ANIMA A PRAÇA SÃO SALVADOR


O samba em torno do coreto


Luis Turiba*


A Praça São Salvador, incrustada entre os bairros do Flamengo, de Laranjeiras e o Largo do Machado, é a mais interiorana – e paradoxalmente, também a mais cosmopolita – da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Quase tudo nesse logradouro gira em torno de um lindo e tradicional coreto central e do chafariz imperial. Ambiente singelo, mas com uma rotação que alcança decibéis de grau máximo! A pulsação ali é permanente, com direito a sirenes do Corpo de Bombeiro localizado na boca da praça e à doçura das flautas dos chorões que fazem a festa todos os domingos, alimentada pelas geladíssimas caipiroskas de frutas do Luisinho.


Como boa praça do interior, dezenas de crianças brincam de bola e skate no parquinho e fora dele; vizinhas jogam conversa fora, carrocinhas de pipoca, pizzas e outros quitutes complementam o cenário dos vendedores de cervejas. Galeras papeiam aqui e ali.

Os bares do entorno sempre lotados de saudáveis e históricos bebuns. Casais de jovens namorados – do mesmo e de sexos diferentes- se pegam como bem podem enquanto o lindo chafariz refresca a rapaziada. A música rola à vontade para dar combustão ao ambiente: blues, chorinhos e muitos sambas. No meio de toda essa muvuca, desconfie do carro de vidros fumê estacionado com um casal no banco de trás fazendo curvas corporais que nem Niemeyer imaginaria.


Na mais democrática roda de samba que acontece aos sábados a partir das 19h; onde todo mundo toca e muita gente se desentoca, criou-se uma tradição muito próxima daquelas dos pubs londrinos: hora de terminar, é pra findar messssmo! Desliga-se o som e pronto. O acordo com os moradores permite que os acordes do samba vá até às 22h. Nem um minuto a mais. E os sambistas não querem confusão com a vizinhança.

A roda é super-bem organizada dentro da maior diversidade. Os ritmistas trazem seus instrumentos – agogôs, chocalhos, tamborins e cuícas – e banquinhos onde se sentam.  Quando bate 21h30m, Jonatas Alburquerque, um dos coordenadores, sai pela praça com seu chapéu de palha na mão recolhendo o "trocadinho" que irá ajudar nas despesas com a mesa de som.

"Hoje tivemos aqui quase 60 mil pessoas", anuncia, cariocamente, o animador do pagode. Oficialmente, estima-se uma média de 600 a 800 pessoas a cada noite de sábado em torno do coreto. Turistas são bem vindos e alguns ousam batucar. A "furiosa" mantêm o ritmo como pode.

A roda segue preguiçosamente ao som de "Amélia" e outros sambas de Silas de Oliveira, Paulinho da Viola e Martinho da Vila. A mulherada vai se soltando e caindo pra dentro da roda, remelexendo-se cada qual a sua maneira.

Assim é o "Batuque no Coreto, Pelo Samba Para Ser Feliz" da Praça São Salvador, com pessoas de todas as idades cantando, dançando e tocando memoráveis sambas como se o tempo não tivesse passado.

Sábado passado, a banda "Me engana qu´eu gozo" optou por atacar umas conhecidas marchinhas do passado. Foi um furdúncio só. A galera pulou de suar, antecipando o carnaval que já começou na Praça São Salvador.


*Luis Turiba é poeta e cuiqueiro

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

ORAÇÃO PARA NOSSA SENHORA DA BALA PERDIDA




Mãe,

Afaste de mim esta bala

Este dardo inflamável

Esta seta diuturna

Este terror sem rumo

Este projétil alado e raso

Pois já que elas não cessam

Que pelo menos nos errem

 

Rogai por nós os passantes

Os transeuntes os pedestres

Os motoristas e as crianças

E principalmente as mães

 

Não nos faça alvos fáceis

Desta chuva de petardo

Não nos atinja o corpo

Nem a alma nem os prantos

 

Que veloz, não me alcance

Que sua força não me curve

Que seu fogo não me queime

Que o acaso não me derrube

Eu que diariamente passo

Por favelas becos vielas

Por túneis curvas células

Eu que faço o bom combate

 

Protegei as nossas vísceras

Das emboscadas bandidas

Dos acertos entre quadrilhas

Do fogo amigo ou polícia

 

Só te peço oh mãe amiga

Santa do cotidiano

Poupe-nos o banho de sangue

De passagem tão insana


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

POEMA PARA ALÉM DAS NOSSAS TELAS

INTER-AGIR, ELETRIZADOS

-1-

coisas não são
coisas tendem a ser
mutatis mutandis
metamorfose ambulante 
estamos todos eletrizados
vivemos num presente infinito
internet: extensão do nosso libido
internet das coisas
internet dos humanos
internet dos orixás
somos humanos, transumanos
& ativamos a zona do cérebro
responsável pelas conexões hiper-textuais
a internet nos leva a navegar no espaço
é a extensão mais elétrica da nossa pele
compartilhamento dos pertencimentos
o corpo é o ponto G de um chip
chip no xibiu da primavera árabe
chip no chifre da crise capitalista
chip no piu-piu do movimento gay
a dúvida da realidade é filosófica
hiperlocal é o celular no meu bolso
seu corpo estará em todos os lugares

-2-

interagir é enxergar o princípio emergente
criado pelo ser atuante
que vivencia holograficamente
as relações das hipercomplexidades reticulares
interagir é ativar as reconfigurações cerebrais
da inteligência conectiva que pulsa em bites
a nova ecologia é ato conectivo
chineses vivem no presente eterno
ianomâmis são atemporais e não-lineares
estamos todos em redes
redes de dormir, redes de acordar, redes de rendas
a essência humana é a técnica
quem a domina transcende
play e off; sensação de participação
"ponto de ser"; esteja em todos os lugares
a internet faz renascer línguas mortas
a tela sagrada, a tela sangrada

- 3 -

infiltrar e fazer a rede acontecer
no bit de cada corpo global
na onda de toda sinapse virtual
transformar-se em Ser
performático virtual eletrificado
teatral enigmático
o momento é a continuidade

a Ser desvendado
conexões matriciais
perpetuando o finito
liquefazendo a solidez
do encontro...
a verdade não é mais verde: é dada

com Luca Andrade